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... com sons e imagens... mas também silêncios, se fará esta conversa ... sempre ao sabor das palavras ...

07
Nov14

Tem estado na ordem do dia a (pequena) redução do horário dos bares do Cais do Sodré e de outras zonas da cidade onde, desde há anos, hordas de desocupados não permitem que os moradores descansem as horas a que têm direito.

Claro, que aparecem logo os donos dos ditos bares a queixarem-se de que vão perder o ganho. Um ganho feito à custa da sonegação dos direitos de outros, dos que não recebem qualquer lucro do negócio: os cidadãos de Lisboa que não descansam.

Bares1.jpg

Imagem do jornal Público 

Todavia, o fenómeno está a espalhar-se como um polvo de múltiplos tentáculos pela cidade: a coberto do Licenciamento Zero (que não exige licença nenhuma e nem fiscalização nenhuma), qualquer um que arranje um espaço (mesmo que seja do tamanho da cabeça de um alfinete), que tenha um amigo arquitecto ou engenheiro que lhe faça o jeitinho de dizer que tem todas as condições, pode abrir um bar, em qualquer prédio ou rua da cidade, praticando um horário que pode ir até às 4 horas da manhã!

 

Sei do que falo, apesar de não morar nem no Bairro Alto, nem no Cais do Sodré, nem sequer em Santos, mas sim num bairro pacto e familiar, onde a praga também chegou.

 

Lisboa está a ficar cheia destes bares de vão-de-escada, sem capacidade de albergar nem sequer meia-dúzia de clientes e a quem vendem álcool, pela madrugada dentro, em garrafas de vidro que os clientes trazem para a rua (mesmo sendo proibido), porque, geralmente, não cabem nos bares. Clientes esses que deixam lixo, urina, pontas de cigarros e outras coisas mais, à porta de quem quer que seja, que vandalizam os carros e partem montras e que, sobretudo, impedem o descanso dos moradores que têm a pouca sorte de residir no lugar que alguns empresários-de-trazer-por-casa resolveram eleger para abrirem os seus bares.

Dirão: mas há leis antiruído (nacionais e europeias)! O direito ao descanso e bom ambiente até é um direito constitucional!

Pois é, na cidade de Lisboa, a edilidade permite todos os atropelos a estas leis.

 

Todavia, apressou-se a introduzir as directrizes comunitárias que inviabilizam que um cidadão cumpridor, mas sem dinheiro para carro novo, possa passear na cidade, por causa da eventual poluição que o seu carrinho antigo fará.

Mas, o que é poluição para a câmara de Lisboa? Só a poluição atmosférica? E o lixo espalhado pelas ruas da cidade frente a estes bares? E a poluição sonora dos bandos de desocupados que conversam em altas vozes frente aos lares de quem precisa de ir trabalhar de manhã e onde há, por vezes, doentes, idosos, crianças? Isso não é poluição?

 

Porque não mandam esses estabelecimentos para onde não viva gente, como nas Docas, onde, quem quiser,  se pode divertir longe de zonas residenciais?

Façam, num desses lugares, em vez de uma única rua rosa, um bairro todo rosa! E fiquem por lá.

Aos outros, deixem-nos descansar.

 

A edilidade, com a sua permissividade, está a tornar Lisboa uma cidade sem lei.

 

E, a propósito: quem se lembra ainda deste slogan do actual vereador do ambiente da câmara de Lisboa?

sa-fernandes-1.jpg

 

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